Extensão do Corredor Noroeste entre Sumaré, Nova Odessa, Americana, Santa Bárbara d’Oeste e trem expresso entre São Paulo, Jundiaí e Campinas foram os principais projetos apresentados pela equipe da Secretaria de Transportes Metropolitanos
Mais de cem vereadores das dezenove cidades da Região de Campinas conheceram na manhã de quinta-feira, 29, em Paulínia, alguns dos projetos do governo estadual para melhoria na mobilidade urbana na região, apresentados pela equipe da Secretaria de Transportes Metropolitanos, durante reunião mensal do Parlamento Metropolitano.
“Os vereadores da nossa região terão um papel de destaque na efetivação de novas políticas públicas e equipamentos para transporte público nas cidades. Nada melhor que anteciparmos essas questões aqui no Parlamento para que possamos colaborar desde já com os projetos que estão por vir. O que não podemos mais suportar é continuarmos com esse modelo ultrapassado de transporte público; a sociedade exige mudanças e nós estamos aqui para cobrar”, destacou o presidente do Parlamento Metropolitano da RMC, Lorival Messias de Oliveira, que também preside a Câmara de Valinhos.
Além do vereador Lorival, fizeram parte da mesa que conduziram os trabalhos, o secretário adjunto de Transportes Metropolitanos, Peter Walker, representando o titular da pasta, Jurandir Fernandes; o presidente da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), Joaquim Lopes; o anfitrião e 3º vice-presidente, Marquinho Fiorella (Paulínia); o 4º vice-presidente, Fred Chiavegatto Neto (Jaguariúna) e o 1º secretário Rubens Nunes (Vinhedo).
Walker explicou as competências da secretaria e áreas abrangentes, reforçando alguns dos desafios para os próximos anos, passando pelas mobilizações atuais. “Hoje nós temos um transporte público no Brasil para quem não tem carro, temos que mudar isso”, destacou, lembrando do mote presente nas mobilizações: ´um país rico não é onde o rico anda de carro, país rico é onde rico anda de transporte público’.
Citou como exemplo a cidade de Londres, a segunda mais populosa da Europa, em que o transporte individual é penalizado. “Londres já passou por esse caos. Lá você anda no máximo duas quadras para ter acesso a um transporte público”.
O secretário ainda abordou alguns números da secretaria que atende 39 municípios nas regiões metropolitanas de São Paulo, Santos e Campinas, incluindo as regiões de Sorocaba e Vale do Paraíba que compõem a macro metrópole. “São 173 municípios na macro metrópole que correspondem a 27% dos municípios paulistas, éramos em 30 bilhões de habitantes em 2010, representando 73% da população do Estado e um PIB de 83% do Estado e 27% do Brasil”.
Walker também falou sobre as morosidades no órgão público e a complexidade dos processos para instalação de novos corredores, como adquirir as licenças ambientais e as desapropriações. “Essa é dificuldade em fazer linhas. Demora-se 48 meses para ter uma licitação, demandam-se muitos processos”, reforçou.
Extensão do Corredor Metropolitano
Representando a EMTU, o diretor, Joaquim Lopes, falou sobre o andamento das obras para ampliação do Corredor Noroeste que será estendido até as cidades de Nova Odessa, Americana e Santa Bárbara d'Oeste. Serão 24,5 km de corredor e o investimento será de R$ 160 milhões.
Além deste trecho, estão em desenvolvimento os projetos de obras para o trecho de 3,7 km entre Campinas e Sumaré, que representam um investimento de R$ 70 milhões. Todas estas obras serão entregues em 2014. Hoje o Corredor Metropolitano Noroeste possui 32,7 km de extensão e liga Campinas, Hortolândia e Sumaré.
O objetivo dessa obra segundo Lopes é aumentar a competitividade dos ônibus em relação ao carro, tornando a viagem mais curta e com maior oferta de horários. “Queremos aumentar a confiabilidade do sistema, implantar infraestrutura que permita serviços diferenciados, facilitando a interligação entre as cidades”, disse.
Também colaborou com as explanações o gerente de Planejamento da EMTU, Ivan Regina, que detalhou os impactos sócios econômicos para a região com o novo corredor, como o aumento de terminais em operação, aumento na frota, representando uma oferta 34% maior, e a diminuição do tempo entre as viagens. Segundo o especialista, a distância média percorrida pelas pessoas que utilizam o corredor passará de 46 minutos para 35 minutos, uma economia de 3 milhões de hora/ano. “Se eu valorar pelo salário médio da região isso dá R$ 63 milhões, sendo que R$ 16 milhões voltam em forma de salário e o restante volta em forma de lazer e qualidade de vida para o usuário”, citou.
Além disso, haverá uma redução mensal de 300 toneladas de CO2 na região. “Uma obra que se paga em dois ou três anos, fica muito claro pra gente a necessidade em investir em infraestrutura nesse país”, finalizou.
Retorno do trem de passageiros
O chefe do Departamento de Planejamento e Transporte da CPTM, Rodrigo Alencar, disse que a intenção da CPTM é implantar uma rede de alta capacidade de trens, para que os pólos metropolitanos (Campinas, Santos Sorocaba e São José dos Campos) tenham um tempo de viagem de até 50 minutos. “As conexões têm que ser rápidas para serem competitivas com o ônibus e o carro, e com poucas paradas, mas com serviços de alta qualidade, como: serviço de bordo e wi-fi”.
Alencar disse ainda que a CPTM está finalizando a contratação de projeto básico executivo para implantação de trem expresso entre São Paulo a Campinas com parada em Jundiaí, totalizando 50 minutos de viagem. “A CPTM também está desenvolvendo o projeto de extensão regional dessa linha até Campinas e, em conjunto, estuda a possibilidade de um serviço metropolitano que atenderá Valinhos, Vinhedo e todos outros municípios, propiciando uma rede integrada”.
O especialista também disse que a partir de 2020 estudos para interligação entre Piracicaba, Limeira e São José do Rio Preto e outras ligações transversais como Sorocaba, Campinas e Ribeirão Preto deverão ser contempladas. “Até janeiro 2014 deve estar pronto o projeto executivo [do trem de passageiros] de Jundiaí a Campinas e até julho do ano que vem deveremos finalizar o estudo da rede metropolitana sobre trilhos”, anunciou.
Rodrigo Alencar pediu auxílio dos vereadores para que cobrem das prefeituras as informações solicitadas (pontos de ônibus próximos, plano diretor, etc.) que ajudarão no estudo de viabilidade sobre o projeto dos trens. Segundo ele, apenas os municípios de Valinhos, Campinas e Paulínia entregaram. “É necessário que as prefeituras digam quais são as suas necessidades, pois nem tudo estão expressos nos planos”, reiterou.
Após a explanação dos especialistas, os vereadores que integram o colegiado puderam tirar suas dúvidas e fazer questionamentos sobre os projetos apresentados.
Extinção das APAEs
Foi aprovado com unanimidade entre os presentes, o envio de Moção de Apelo ao Ministério da Educação, para a preservação e valorização das APAEs em todo Brasil, pela excelência de seus serviços prestados.
Segundo justificativa do documento, o Ministério da Educação quer acabar com as escolas especiais, inclusive das escolas que são mantidas pelas Apaes e prestam um serviço exclusivo e de excelência para as pessoas com deficiência intelectual e múltipla. A intenção do MEC é matricular todas as pessoas com necessidades especiais nas escolas públicas da rede regular de ensino até 2016.
Outras deliberações e próxima reunião
Por causa do tempo escasso, alguns itens da pauta foram adiados para a próxima reunião, como a extinção dos pontos facultativos em órgãos públicos. Os vereadores aprovaram ainda a mudança na data das reuniões do Parlamento que passarão a ser realizadas nas últimas sextas-feiras de cada mês. A alteração foi feita para não coincidir com os trabalhos das sessões da Câmara de Americana que acontecem às quintas-feiras.
A próxima reunião do Parlamento será realizada na Câmara de Itatiba, no dia 27 de setembro às 9h, tendo como tema central, as questões que envolvem as novas regras sobre iluminação pública, entre outros assuntos.