A médica pediatra Dra. Márcia Camargo Franzese, presidente do Grupo Rosa e Amor, que presta serviços às mulheres portadoras do câncer de mama em Valinhos, esteve presente na Sessão da Câmara da última terça-feira, dia 16, quando apresentou aos vereadores um quadro completo sobre a situação do câncer de mama em Valinhos, bem como os trabalhos realizados pelo Grupo Rosa e Amor no atendimento das mulheres valinhenses e a construção da sede própria.
Para contextualizar sua exposição, Dra. Márcia utilizou dados da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), mostrando a situação do câncer de mama no Brasil e no mundo, apontando o que é feito em termos de diagnóstico e tratamento, para depois discorrer sobre a situação de Valinhos. De acordo com ela, a maior incidência do câncer de mama ocorre nas faixas etárias de 40-49; 50-59 e de 60-69 anos de idade.
Uma informação que deixou os vereadores bastante apreensivos foi a da subutilização do mamógrafo obtido pelo Grupo Rosa e Amor através do Instituto Avon e que se encontra em funcionamento no CAUE. Segundo Dra. Márcia, em 2009 foram realizadas 2.800 mamografias apenas, sendo que a necessidade das mulheres valinhenses supera a casa de dez mil mamografias/ano.
Para ela é preciso também cumprir a Lei Federal 11.664/2008, que garante a toda mulher a partir dos 40 anos o direito de fazer mamografia pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Outro ponto apontado pela presidente do Rosa e Amor é a necessidade de um ambulatório de mastologia, com profissionais qualificados, mamógrafos e outros equipamentos como ultrasom. “Não basta detectar cedo. Também é preciso tratar imediatamente.
Toda mulher com diagnóstico de câncer de mama deve ter acesso imediato à cirurgia e tratamento”, frisou.
Após sua exposição, Dra. Márcia respondeu a questionamentos dos vereadores, que também teceram diversos elogios ao trabalho desenvolvido pelo Grupo Rosa e Amor em Valinhos. “Não basta apenas ter vontade, tem que ter apoio também”, defendeu o vereador Clayton Machado (PSDB), que também parabenizou Dra. Márcia pela luta incansável que ela promove para auxiliar as mulheres vitimas de câncer.
Questionada sobre o custo que o Grupo Rosa e Amor tem e sobre as receitas oriundas de sócios ela informou. “Temos um custo fixo de R$ 7 mil por mês e uma entrada de apenas R$ 800,00, ou seja, muitas vezes campanhas que promovemos para alavancar as obras de nossa sede acabam sendo utilizados para a manutenção de nosso trabalho”. Para o término das obras da sede própria do grupo ainda serão necessários investimentos da ordem de R$ 180 mil.
Para o vereador Lourivaldo Messias de Oliveira (PT), não há um projeto sério do poder público para essa área. “Parabenizo a Dra. Márcia pelo trabalho que realiza, mas lamento que mesmo diante de tudo isso que ouvimos, ainda não temos um projeto sério da parte do poder público”, disse.
O vereador José AP. Aguiar (PMDB) também fez questão de reconhecer o trabalho desenvolvido pelo Grupo e também lamentou a situação. “O poder público está jogando nas mãos das entidades o papel de cuidar da população”, afirmou. Da mesma opinião foi o vereador Tunico (PMDB), “o poder público joga nas mãos do voluntario o que por dever deveria cumprir”. O vereador Egivan Lobo Correa (PDT), além de parabenizar o trabalho, se colocou a disposição do grupo.
Já o médico e vereador Dr. Moysés Abujadi (PTB), destacou a grandiosidade e a importância do trabalho do Grupo. “Esse amor que vocês transmitem é de grande importância para uma família que recebe a notícia de um diagnóstico de câncer de mama”, disse. No tocante a subutilização do mamógrafo o vereador lamentou o fato dele não funcionar para atender toda a demanda.
Outro vereador a declarar apoio ao trabalho do Grupo foi o vereador Henrique Conti (PV), que propôs a elaboração de um requerimento para questionar o Executivo sobre a proposta que ele tem sobre o câncer de mama. “A reflexão desta noite precisa se transformar em algo prático”, destacou.
Para a presidente Dalva Berto (PSDB), que tem uma trajetória em defesa dos direitos da mulher, é de suma importância que a Câmara assuma um papel nesta questão, não apenas de promover o debate, mas de algo prático, especialmente para negociar e interceder com o Executivo para que ele faça um repasse de recursos para que o Grupo possa terminar sua obra. “Vamos somar forças como o Executivo para que esse apoio possa acontecer”, afirmou.
Além disso, Dalva também propôs a realização de uma reunião entre vereadores, Provedor da Santa Casa, Secretaria da Saúde e um representante da Unicamp para debater o assunto. A reunião dever acontecer ainda este ano.
Ao final Dra. Márcia agradeceu aos vereadores pela acolhida da Câmara e os convidou para conhecer a futura sede. “Ficamos sensibilizados com o acolhimento de vocês e com a vontade que demonstraram de nos ajudar”, finalizou.