O possível retorno das aulas nas escolas do estado de São Paulo tem preocupado vereadores e pais de alunos em Valinhos. Mais uma vez, durante sessão ordinária, os parlamentares abriram espaço na tribuna para discutir o trabalho e os desafios da educação em tempos de pandemia. Nesta terça-feira (4), quem trouxe um diagnóstico da educação e respondeu a perguntas dos vereadores foi o presidente do Conselho Municipal de Educação, professor Frederico Leal.
Desde a suspensão das aulas na rede municipal de ensino, em março, a Câmara tem acompanhado de perto as dificuldades enfrentadas por alunos, pais e profissionais da educação. Além do estresse psicológico a que todos estão submetidos, tendo de adaptar as rotinas, pais já tinham mostrado insatisfação com a falta de conteúdo pedagógico fornecido pela Secretaria de Educação, quase três meses após o fechamento das escolas, e, por isso, procuraram os vereadores. Após ouvi-los, os parlamentares também cobraram esclarecimentos do secretário Zeno Ruedell, por quase duas horas, em uma série de questionamentos na sessão do dia 16 de julho.
A maior parte das reclamações dos envolvidos com a educação em Valinhos se refere ao que consideram falta de diálogo do Poder Executivo. O professor Frederico Leal, presidente do Conselho Municipal de Educação, acredita que a realidade esteja mudando graças a pressões feitas pela Câmara, pelo próprio conselho e por outros grupos, mas ponderou que o colegiado ainda precisa ser mais ouvido.
“Infelizmente, os Conselhos – não só aqui como também em outros lugares – não são vistos como estâncias realmente de decisão e regulação das atividades do Poder Público, do Executivo (...) As tratativas não tem sido tranquilas, em alguns momentos a gente vê que não somos ouvidos, mas nesses últimos momentos, hoje especificamente, estamos apostando em conseguir um pouco mais de parceria”, afirmou.
Além da falta de diálogo, vereadores também se mostraram preocupados com prejuízos que podem ser sentidos pelos alunos com a pandemia. Ao responder a um questionamento feito pelos parlamentares, o presidente do Conselho disse que o conteúdo pedagógico deverá ser recuperado. “No pedagógico, não considero um ano perdido. Os alunos, por exemplo, que neste ano estão no 2º e no ano que vem irão para o 3º, provavelmente, serão trabalhados ao longo do ano com contraturno, reforço, atividades online e outras estratégias para diminuir ao máximo as lacunas que ficaram neste ano (...) A gente tem excelentes profissionais, professores, gestores que, com certeza, vão recuperar isso que, neste ano, pedagogicamente, ficou prejudicado”, disse.
Volta às aulas
De acordo com os planos do Governo do Estado de São Paulo, está prevista a retomada das aulas no estado a partir de 8 de setembro, mas a data deve ser prorrogada, já que ainda há regiões do estado com muitos casos de Covid-19. Em um questionário feito inicialmente por ação do próprio Conselho Municipal da Educação de Valinhos e, depois, com o apoio da Secretaria da Educação, foi constatado que 85% dos pais não se sentem seguros para o retorno das aulas neste momento.
Ao contrário do defendido pelo Conselho Municipal de Educação da cidade de São Paulo, o Conselho de Valinhos não concorda com a proposta de deixar os pais decidirem se os filhos voltam ou não para a escola. “A educação é um direito público inalienável, não é um desejo, opinião de pai ou mãe enviar ou não. Ou nós temos condição para garantir a segurança para a volta de todos os alunos ou não existe essa segurança e ninguém volta. É muito complicado você jogar a responsabilidade desse retorno para os pais”, defendeu.
Câmara aberta
Após a fala do presidente do Conselho, professor Frederico Leal, a presidente da Câmara, vereadora Dalva Berto (MDB), em nome de todos os vereadores, voltou a reafirmar o compromisso da Câmara com o diálogo e a abertura do Legislativo para debater assuntos que interferem diariamente na vida dos cidadãos. “Esta Casa continua sendo uma Casa de diálogo, aberta para receber e discutir tudo aquilo que é necessário para a nossa população, para a nossa cidade”, finalizou.