Fórum na Câmara: Especialista defende proteção de mananciais contra urbanização desenfreada

 

O desmatamento, a impermeabilização e a compactação do solo, consequências da urbanização, foram apontados pela especialista em Controle do Ambiente e Arquitetura, dra. Maria Amélia D’Azevedo Leite, como riscos aos mananciais que cortam as cidades. Ela ministrou palestra no Fórum Permanente em Defesa do Ribeirão Pinheiros, promovido pelo gabinete do vereador Henrique Conti (PV), na Câmara. A discussão foi na noite da última segunda-feira, 17, e contou com a presença de aproximadamente 40 pessoas.

 

Durante a discussão, Maria Amélia apresentou estudo feito por 20 pesquisadores na região de Vancouver, no Canadá, que comparou a qualidade de duas bacias hidrográficas – uma em uma região densamente povoada e outra na zona rural. O resultado mostrou que ao longo dos anos a degradação da bacia localizada em área urbana foi superior, com a redução na vazão dos córregos e até mesmo o secamento de mananciais.

 

De acordo com a especialista, a retirada da cobertura vegetal e a impermeabilização do solo provoca diminuição no escoamento subterrâneo das águas da chuva, fundamental para o abastecimento dos lençóis freáticos e, consequentemente, para o aumento na vazão dos córregos e rios. “Quanto mais vegetação, mais a água volta ao seu ciclo, seja pela infiltração ou pela evapotranspiração”, explicou. Um vídeo mostrado pela especialista mostra que uma árvore de grande porte lança na atmosfera até 300 litros de água por dia.

 

 

Seca

 

A seca que atinge o estado de São Paulo está relacionada à degradação ambiental, segundo Maria Amélia. Em Valinhos, ela alertou que existem áreas de cabeceiras de córregos ocupadas. “Quando se ocupa uma bacia hidrográfica, o impacto é inevitável (...) Conciliar expansão urbana com recurso hídrico é algo que tem que ser feito com muito cuidado”, disse.

 

Para ela, as mudanças climáticas percebidas nos últimos anos são decorrência da atividade humana. “Parte do fenômeno de seca que estamos vivendo tem a ver com o desmatamento da Amazônia (...) Esse cenário não é de agora. Em 2007, já havia déficit hídrico nos Rios Jundiaí e Capivari”, destacou.