Em pronunciamento, presidente da Câmara fala sobre ‘gabinete do ódio’

#PraCegoVer: Foto mostra o vereador Franklin discursando na tribuna da Câmara.

 

Em pronunciamento na noite desta terça-feira, dia 5, o presidente da Câmara, vereador Franklin, falou sobre a investigação e os caminhos que percorreu para desmantelar o que a imprensa passou a chamar de ‘gabinete do ódio’ em Valinhos. Um esquema que utilizou servidores comissionados para criar perfis falsos no Facebook  e promover ataques ao então vereador e candidato a reeleição em 2020, através de ‘fake news’.

 

Durante 22 minutos, Franklin falou aos vereadores da sua satisfação de, após dois anos, poder apresentar como foi constituído e como agiam pessoas ligadas ao governo do então prefeito Orestes Previtale que, após criarem dois perfis falsos: João Paulo e Gustavo Mendonça passaram a produzir e distribuir por meios digitais ‘fake news’ com calunias e difamações.

 

No tempo utilizado, o presidente da Câmara apresentou matéria veiculada pelo jornal da TV Record no último dia 30 de setembro, sobre o ‘gabinete do ódio’ em Valinhos. “Essa matéria teve grande repercussão e através dela, mostramos que nós encontramos um caminho para descobrir e pedir a punição daqueles que constituíram os ‘perfis falsos’ para a produção de ‘fake news’. Dá para pegar, mas é preciso paciência”, disse.

 

Franklin fez questão de frisar que fazia aquele pronunciamento para mostrar aos demais vereadores, alguns dos quais também vitimas de ‘fake news’ durante a campanha eleitoral de 2020, qual foi o caminho que percorreu para chegar aos nomes dos envolvidos, em sua maioria, servidores comissionados do ex-prefeito Orestes.

 

Segundo ele, tudo começou após a votação, ainda em 2019 de um projeto de Lei, que propunha uma Parceria Publico Privada – PPP – do lixo que visava destinar quase R$ 1 bilhão para o sistema de coleta de lixo de Valinhos, por 30 anos e que teve seu voto contrário. “Depois disso, uma servidora comissionada registrou um Boletim de Ocorrência de extorsão na Delegacia, sem apresentar prova alguma”, disse. Foi a partir daí que esses dois ‘perfis falsos’ passaram a ataca-lo nas Redes Sociais.

 

“Fico feliz porque neste processo de investigação consegui provar que não fiz nada daquilo que me acusaram e cheguei aos nomes daqueles que estavam por traz destes ‘perfis falsos’, desmantelando assim o ‘gabinete do ódio’ que usava a estrutura pública para disseminar as chamadas ‘fake news’”, afirma.

 

Segundo ele, foi a partir do monitoramento desses ‘perfis falsos’ que, após registrar uma ata notarial em Cartório, dando fé publica da existência dos mesmos, que ingressou na 6ª Vara Cível do Foro Central de São Paulo, pedindo para que fosse determinado ao Facebook a identificação dos IPs – Protocolo de Internet (em inglês: Internet Protocol, ou o acrónimo IP), de onde estavam partindo os ataques promovidos pelos perfis falsos: João Paulo e Gustavo Medonça.

 

No começo deste ano a Justiça determinou ao Facebook o dever de fornecer os IPs dos referidos perfis. De posse desses IPs, a investigação avança e a fase nova exigiria uma nova ação na Justiça, pedindo para que as empresas de Telefonias – NetTurbo, Claro e Vivo – indicassem de quais endereços partiram os acessos aos referidos IPs e seus respectivos endereços e responsáveis.

 

A Justiça acatou o pedido e, foi a partir destas informações prestadas pelas empresas de Telefonia que o quebra-cabeça das ‘fake news’ e do chamado ‘gabinete do ódio’ começa a ganhar forma.

 

Um desses perfis era movimentado pelo ex-servidor Michel Lodis, que foi servidor comissionado do ex-prefeito Orestes, prestando serviços junto a Secretaria de Segurança e Defesa do Cidadão, na sede da Guarda Municipal e depois como assessor do gabinete do ex-vereador Giba.

 

Por isso não é de se estranhar que alguns dos ataques, conforme apontam as empresas de telefonia, partiram dos endereços da Câmara Municipal e da sede da Guarda Municipal. “Quero aqui fazer uma deferência a todos os colaboradores da Câmara e da Guarda Municipal, onde sei que trabalham com afinco e dedicação e que não estão envolvidos neste esquema”, explicou.

 

Da mesma forma Franklin fez questão ressalvar em sua fala que os ex-presidentes da Câmara, Dalva Berto e Israel Scupenaro também não tiveram nada a ver com isso.

 

Ainda segundo Franklin outro nome que aparece nos apontamentos das empresas de telefonia é do ex-secretário de Cultura, Rodrigo de Paulo Riberio, o Big, que também foi o coordenador da campanha do ex-prefeito Orestes. “O endereço do comitê de campanha do ex-prefeito, que estava em nome do Big aparece numa das relações”, explicou Franklin.

 

Ao todo são mais de 15 nomes que aparecem nas listas e o presidente da Câmara fez questão de também frisar que alguns ali, assim como ele, foram vitimas desse grupo, pois utilizam o wi-fi do endereço dessas pessoas. “Em nenhum momento acusei ninguém, fiz apenas o papel de responder por aquilo que me acusavam cujo inquérito foi arquivado por falta de provas, agora algumas dessas pessoas, que foram usadas terão que ir a Justiça dar explicação”, relatou.

 

O presidente da Câmara disse que entregou nas mãos do Promotor uma Ação para investigar o suposto crime e responsabilizar os envolvidos. “Supostamente fui vitima de um conluio cometido por esse grupo, essa organização. Promoveram um verdadeiro crime e agora terão que responder por ele”, disse.

 

Em sua fala Franklin afirmou não ter compromisso com o erro e não ter medo de fazer o que é certo e como presidente da Câmara estava dando a sua contribuição para não deixar que isso não aconteça mais. “Nunca desisti de querer provar a verdade e hoje, quis compartilhar esse caminho que encontrei para combater tudo o que for fake News, perfis falsos e, sobretudo os ‘gabinetes do ódio’. Temos que ter gabinetes do amor, onde possamos discutir politicas publicas e o melhor para nossa população”, finalizou.